quarta-feira, 11 de junho de 2014

Serviço em garantia - parte 2 (DESFECHO)

Após aguardar mais de quarenta dias sem ter uma posição concreta sobre o prazo de conclusão do serviço do motor, desisti da moto e pedi o desfazimento do negócio. Como eu considero o tipo do problema (dano ao cilindro e pistão) algo grave (principalmente, por se tratar de produto zero quilômetro) e por não me darem sequer a previsão das peças de reposição, achei mais sensato e mais seguro desistir do produto.

Não foi rápido conseguir que o meu pedido de cancelamento da venda fosse atendido. Passaram-se mais de dois meses, entre indas e vindas, telefonemas e e-mails, até que meu pedido fosse acatado de fato, até que o montante fosse depositado em minha conta. Apesar de várias manobras protelatórias, por parte da gerência e da administração, felizmente, eu consegui resolver o problema pela via administrativa.

Infelizmente, fiquei muito pouco tempo com a moto para poder prestar informações mais interessantes sobre o desempenho e a qualidade dos materiais. O que eu sinto hoje é uma mescla de frustração e alívio - parte por não ter curtido mais a moto, parte pela sensação de que me livrei de um problema maior.

A partir de hoje, como não possuo mais a moto, não continuarei atualizando o blog. Espero que o pouco que eu consegui relatar venha a ser de alguma utilidade.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Serviço em garantia - parte 1

Na segunda-feira, pela manhã, deixei a X2 na assistência autorizada da Shineray em Salvador - Coroa Moto Peças - para verificar a causa do excesso de fumaça e de consumo de óleo. Como na terça-feira à tarde não haviam feito nada na moto, passei no dia seguinte (imaginando que estaria na mesma) e fui surpreendido com a informação de que não fariam mais o serviço e que a moto já estava programada para seguir para a oficina da Beijing Motos de Feira de Santana.

Passei, agora à tarde, na concessionária onde fiz a compra para conversar com o gerente, a fim de saber maiores detalhes sobre o problema e a proposta de solução. Ele disse que a moto seguiu para a oficina da Beijing Motos de Feira de Santana por ter pessoal mais qualificado e acesso mais fácil e rápido às peças que porventura venham a ser necessárias para o conserto, uma vez que lá funciona também como centro distribuidor de peças para as outras lojas. Segundo ele, coincidentemente, o gerente geral viajará a Pernambuco amanhã (sexta-feira, 17) e se comprometeu a trazer as peças que estiverem disponíveis na fábrica. Ele me tranquilizou dizendo que a garantia assumirá completamente o serviço e as peças a serem substituídas independentemente do diagnóstico da oficina, ou seja, descartou a possibilidade do argumento "mal uso" como forma de negar a garantia. A postura dele, em momento algum, pareceu com a de alguém que deseja se livrar de um problema, que deseja se esquivar de uma responsabilidade, mas a de alguém interessado em resolver o problema.

O diagnóstico descreve dano ao pistão e ao cilindro, além de uma ventoinha emperrada. O responsável pela Coroa Motos levantou a possibilidade de super-aquecimento, devido a apenas uma das ventoinhas estar funcionando. Acho improvável, pois em momento algum a moto ferveu. Salvo se foi enquanto estava na concessionária e algum funcionário forçou o motor a ponto de causar dano, só de maldade - algo que acredito ser pouco provável, também. Enquanto esteve comigo, não notei qualquer indício de aquecimento exagerado e, nas poucas vezes em que foi acionada, o funcionamento da ventoinha não durou mais que 10 segundos. Pelo o que escutei de gente mais experiente no assunto, a hipótese mais provável, é de haver oxidação na parte interna do cilindro (a crosta de ferrugem faz o papel de lixa) ou de ter entrado alguma impureza na câmara de combustão, através do filtro/carburador. Isso sem considerar defeito de fábrica de um dos componentes do conjunto de força do motor.

Agora, só me resta aguardar e torcer para não ter que vir peça da China.

P.S. Quem leu as outras postagens, sabe que eu "tomei uma vaca", no trilhão que participei no último domingo, e tive o paralama traseiro partido. Fiz uma cotação por e-mail na terça-feira e hoje, mesmo sem eu pedir, a peça já chegou. Não acreditei! Pensei até ser brincadeira da vendedora. Esse tipo de atitude e a postura do gerente é que, para mim, fazem a diferença. Por enquanto, o pessoal da Shineray está de parabéns.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Primeira trilha

No dia 12 de janeiro deste ano, ocorreu um trilhão na cidade de Santo Amaro/BA, onde costumo fazer minhas trilhas. Na data, a moto não estava com o motor em perfeito funcionamento, pois, como comentei anteriormente, estava consumindo óleo excessivamente. Não foi possível quantificar esse excesso, pois, até então, eu só havia dado algumas voltas com a moto, tendo como indicativo apenas o volume de fumaça produzida. Apesar do conselho de uns poucos, mas com o aval do gerente da assistência técnica, resolvi encarar o evento, visto que o risco seria de haver consumo de óleo suficiente para causar maiores danos ao motor. Assim como ocorreu na minha decisão de comprar, ocorreu na minha decisão de participar do trilhão - apostei pensando em dar tudo certo (leia-se: "seja o que Deus quiser!"). Na verdade, eu estava muito ansioso pela chegada do evento, diante dos quase 4 anos sem fazer um trilha sequer. Daí, nem foi difícil fazer a escolha. Como diz o ditado: "começo de briga é empurrão". Bastou o gerente da assistência avalizar que ficou tudo mais fácil.

O percurso, segundo os organizadores, foi "levantado" para durar aproximadamente 3 horas, sem parar. Teve de tudo: trilhas leves, trilhas travadas, estradões, alguns charcos, riachos, atoleiros, subidões travados e descidões intermináveis, ou seja, teve diversão para todos os gostos. Apesar de não achar o trajeto longo, a falta de preparo físico, agravado pelo traquejo que perdi com o tempo parado, me fez desejar que terminasse o quanto antes. Confesso que sofri um pouco. Do meio para o final, eu já estava sem mão, sem braço, sem perna, sem fôlego, sem graça... Minha tocada passou a ser no ritmo de "uma caminhada no parque". Ao contrário da X2, quem não aguentou fui eu. Por falar nisso, com exceção do paralama traseiro partido, em decorrência de uma decolada na qual a moto aterrissou sobre a peça, não identifiquei nenhum problema novo. Não havia, sequer, um único parafuso a ser apertado. O motor estava funcionando com a mesma suavidade, sem qualquer ruído suspeito ou perda de força. Ao verificar o nível de óleo do motor, o mesmo estava entre o mínimo e o meio da vareta, ou seja, ainda dentro da margem segura. Se considerarmos que 3/4 do tanque (de 6,5L) foi consumido, é correto afirmar que muito óleo foi queimado na câmara de combustão. Em breve saberei o motivo disso e publicarei aqui no blog.

Apesar de achar cedo para falar da qualidade e durabilidade dos materiais, só senti falta de  força do motor, pois suspensão ela tem o suficiente para corrigir tudo. Cometi alguns erros (mais do que de costume, devido ao cansaço e ao "ferrugem") e ela me colocou no lugar certo facilmente. Cheguei a dizer "eita po***!!! fu***!!!" algumas vezes e ela fez seu trabalho, acima de qualquer crítica minha. Seja em pedra, em erosão, em barranco, raiz ou tronco, em nenhum momento me transmitiu insegurança ou demonstrou limitação. Muito pelo contrário, me senti bastante seguro. Notem que não falei em preparação alguma, ou seja, são as configurações originais de fábrica. Mesmo assim, falar em final de curso, pelo que reparei, é algo improvável para mim! Acho que, com meu nível de pilotagem, seja bem difícil de conseguir tal façanha. Também não vou entrar no mérito do conforto, pois creio que isso seja questão de tipo de óleo utilizado e regulagem na compressão.

Do motor, senti falta de torque, mas não tenho parâmetros para comparar, pois minha última moto foi uma 400cc e faz quase quatro anos que não fazia trilha. Apesar de já ter dado umas voltas de CRF230, nunca fiz uma trilha ou abusei. Em piso regular e tocada leve, a X2 parece levar vantagem, mas não dá para ser categórico. A situação na qual mais senti falta desse torque foi nas saídas de curva. Tive que fazer uso da embreagem ou redução de marcha mais do que eu queria. Na 400cc era só girar o acelerador que ela abria o leque. Saudades... Não foi surpresa para mim, pois eu já sabia que o desempenho do motor era algo bem limitado. Para mim, a relação 14/52T é muito curta, exigindo muita troca de marcha. Acredito que uma coroa menor deixaria a moto mais frouxa, ou seja, ou é assim ou mexe-se no motor/carburador.

O local do evento foi numa região muito quente e úmida do recôncavo baiano e, apesar dos atoleiros e alguns trechos bem travados, o motor não ferveu hora alguma. As avantajadas ventoinhas funcionam, mesmo! E não é toda hora!. Pelo menos, só notei que acionaram algumas poucas vezes e por pouquíssimo tempo.

Definitivamente, não gostei dos freios - são pouco (ou nada) progressivos - é triscou, pegou! O dianteiro até menos... Mas o traseiro... Não sei se foi devido à regulagem inadequada do amortecedor traseiro (a mola estava encolhida ao mínimo) que não estava firmando a roda ao solo como deveria, mas a perda de aderência foi uma constante - a roda, simplesmente, travava. Não sei, também, se foi o tipo de pastilha de freio adotada... Dúvidas...

Outro item de qual não gostei foi do tanque de combustível - achei um pouco largo na junção com o banco. Isso me causou um certo incômodo, certa estranheza, principalmente por me forçar a manter as pernas mais abertas do que eu já estava acostumado. Para mim, nos momentos em que foi necessário me projetar mais à frente, como num curva fechada, por exemplo, foi que senti maior desconforto. Não sei se é coisa para se acostumar ou mudar de estilo de pilotagem. Fato é que o pessoal da Shineray poderia ter escolhido outro fornecedor para o tanque.

Mesmo considerando prematuro falar sobre a qualidade, durabilidade e resistência dos materiais empregados, achei que o guidão é uma peça que mereça algum destaque. A moto já caiu parada, tomei umas três (ou quatro) quedas no trilhão e, mesmo com a decolada que quebrou o paralama traseiro, o guidão permaneceu intacto, como novo. Para um produto "sem marca" de origem chinesa, superou as minhas expectativas. Confesso que esperei por uma resistência menor e que seria um dos primeiro itens a serem substituídos.

Primeiras impressões

Em meu primeiro contato com a moto, a coisa que mais me chamou a atenção foi o tamanho, como um todo. Não só o comprimento, mas a altura, tanto a distância livre do solo, quanto da altura do banco. O entre-eixos é um exagero, o que acredito ser em decorrência do sistema de amortecimento derivado daqueles usados nas KTM 4T (que tem comprimento semelhante).

    
Distância entre-eixos 1.481mm
Distância entre-eixos 1.498mm


Tenho 1,77m de altura e, mesmo calçando botas de fora-de-estrada, não dá para tocar a planta dos pés no chão. Entretanto, é possível ter o mínimo de apoio para ter segurança, ou seja, não fico "sambando" em cima da moto em busca de firmeza. Ao sentar na moto, não há como não notar a largura do tanque. Para uma moto de trilha, achei excessivamente larga, na altura do joelho.



Em seguida, achei acima da média a qualidade do acabamento das suspensões dianteira e traseira, bem como da balança (em alumínio). Parecem produtos utilizados em motos das melhores marcas. O diâmetro dos amortecedores dianteiros e a dimensão do amortecedor traseiro são algo digno de nota. Tanto a dianteira quanto a traseira contam com sistema de regulagem de compressão e de retorno através de cliques.

Não me pareceu que o motor tenha recebido uma atenção especial quanto à sua apresentação, mas o que importa está dentro e isso não dá para avaliar tão facilmente. Não haveria como ser diferente, já que (supostamente) seja clone de um Honda da década de 80, alegadamente o mesmo que equipou a NX 250 Dominator (ou AX-1), produzida até 1990.
O funcionamento se dá de forma fácil, inclusive pela manhã. O som (que é música para meus ouvidos) do comando trabalhando é realmente muito agradável. O ronco - forte e grave - produzido pelo escapamento (que tem curva em inox e ponteira em alumínio) também me agradou muito.

Apesar da estética e do ronco bastante agradáveis, percebi um problema de vedação na ponteira do escapamento, que está permitindo a saída de gases pela sua base. Nada que um pouco de silicone de alta temperatura não resolva. Porém, com uma furadeira e alguns rebites, a solução é, de certa forma, simples. Me conformo com o fato de não terem utilizado solda...



Sobre os freios (dos reservatórios às pinças), acho que não se preocuparam muito com o acabamento. Não são grosseiros, mas deixam a desejar. A mangueira do dianteiro é revestida por malha de aço, e a aparência me despertou dúvida quanto à sua eficiência. Em relação aos discos, achei o acabamento um tanto quanto espartano, apesar do desenho até aceitável.

O acesso à caixa do filtro de ar (que é de espuma) se dá por uma tampa, à frente do numberplate lateral, ao lado esquerdo, presa por encaixes (o que não me passou muita segurança quanto à sua firmeza). A tampa da caixa do filtro, por sua vez, é fechada por um sistema de travas bem prático, que permite o encaixe de forma rápida e fácil. Já o processo de movimentação da tampa, através da abertura de acesso, exige uma certa paciência, em decorrência do reduzido tamanho desta última.

As rodas são de alumínio anodizado na cor bronze. Não chamaria de bonita nem de feia, mas de "diferente". Nesta mesma cor são também as mesas superior e inferior da suspensão dianteira.

O guidão é de alumínio, do tipo fatbar, com 22mm de espessura, na cor preto fosco, sem qualquer referência ao fabricante.

Um item que achei tosco, grosseiro, mal-acabo foi o par de pedaleiras. Parece que foi fundido por algum ferreiro na idade média. Feia, mesmo! Mas, dá a ideia de que está ali para aguentar muito peso. Os pedais de freio e de marcha são outros itens que não tem um acabamento muito bom (mas parece ser desse século, mesmo). Assim que puder, vou tratar de substituí-los.

Na carona das pedaleiras, outro item de qualidade duvidosa é o quadro. Achei as soldas mal acabadas e notei a presença de uns apêndices - de função desconhecida para mim - com arestas mal aparadas, a ponto de cortar as mãos dos desavisados, como eu. A parte inferior é uma peça distinta do quadro principal, presa a este por parafusos e feita de uma liga (que não arrisco supor qual) um tanto quanto porosa, numa cor que lembra o latão (na moto preta, ela também é preta). O sub-quadro tem uma aparência que remete ao alumínio, mas não posso afirmar com certeza. Apesar de ser uma moto nova, uma das roscas dos parafusos, que prendem o numberplate lateral esquerdo, estava parcialmente espanada, impedindo que o parafuso se firmasse até o fim.

Apesar de ter sido projetada com a intenção de ser utilizada no motocross, seu peso (~120Kg, a seco) e a largura do seu tanque são empecilhos para a prática desse esporte, restando a utilização nas trilhas como opção mais viável. Por suas características de moto de competição, não vem com chave de ignição e descanso lateral (mas, pelo menos, tem as roscas prontas para uma futura instalação). Assim, fica complicado deixar a moto longe das vistas e não dá para parar onde não houver um muro, poste ou árvore para apoiá-la.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Apresentação

A intenção deste blog é tornar mais conhecida as particularidades de mais uma moto chinesa que, assim como tantas outras, é motivo para muita polêmica e desconfiança. Pretendo utilizar da minha experiência como proprietário para tentar trazer à luz alumas questões referentes à qualidade, durabilidade e intercambialidade das peças com marcas mais tradicionais em nosso mercado. Com o tempo, espero poder constatar o que é fato e desmistificar o que é puro preconceito.

Tenho escutado muita coisa negativa a respeito do produto. Muito do que as pessoas me dizem, nas sua maioria, faz referência à qualidade dos materiais empregados na fabricação, à disponibilidade de peças de reposição e ao valor de revenda. Acredito que a qualidade não é a prioridade para os fabricantes que ofertam motos dessa categoria, mas tenho fé que a economia que se faz ao adquirir essa moto pode compensar a despesa com a substituição dos itens mais importantes que porventura venham a sofrer dano ou desgaste prematuro. Sei que o fato desse modelo ser vendido na Nova Zelândia, Austrália, Argentina (Keller), Alemanha e Suécia (Defenda) não faz dele um produto superior, mas, ao menos, pode significar que tem uma qualidade aceitável diante dos R$12.000,00 (preço sugerido). O tempo dirá se estou sendo otimista ou ingênuo demais.

É oportuno dizer que a condição de aquisição da minha moto, em particular, aconteceu de uma forma um tanto quanto diferenciada. A oportunidade (gosto de pensar assim) surgiu em decorrência da dificuldade de uma concessionária da marca em conseguir vender a última unidade deste modelo, visto que permaneceu à espera de interessados de 2012 (não sei em que mês) até dezembro de 2013.
Devido à sua exposição a intempéries (tomando sol e chuva na frente da loja), assim como os plásticos apresentavam ressecamento, é possível que alguns retentores e itens de borracha tenham sido prejudicados, mas nada que, a princípio, seja aparente. Portanto, caso algum desses itens apresentem problemas prematuros, pode ser que seja em decorrência deste fator. O motor, apesar do funcionamento 100% regular, isento de qualquer barulho anormal e contar com boa compressão, apresentou, ainda nas primeiras horas de uso, a produção de uma fumaça branca pelo escapamento. Algumas causas foram levantadas, como: retentores de válvula ressecados ou cilindro arranhado (por oxidação na sua parede). A moto foi entregue hoje (13.01.2014) à assistência para identificação da causa e posterior reparo.

Em suma, a moto que servirá como base para o blog é uma Shineray XY250GY-2, também conhecida simplesmente como X2, ano e modelo 2012, comprada na concessionária Beijing, em Salvador, no meado de dezembro de 2013. Apesar do ano de fabricação, foi adquirida 0Km. A utilização está restrita a trilhas, apenas, sem participação em qualquer tipo de competição.